quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Os Políticos estão chegando


Oh! Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh! Oh!
Os políticos estão chegando.
Estão chegando os políticos.

O dia primeiro de janeiro chegou. Em todas as cidades do Brasil, prefeitos e vereadores tomaram posse.
Para nós, meros eleitores, só resta que eles cumpram as suas numerosas promessas de campanha.
Não podemos esquecer de fiscalizar nossos políticos. Lembrando que a tentação da corrupção é algo que os assola, mais do que a nós mortais.
O olho do eleitor é o melhor remédio para evitar o enriquecimento ilícito dos pobres políticos que, muitas vezes, são tomados por espíritos malignos que se alimentam de mentiras e falta de vergonha. Mas para nossa sorte, "Eles são discretos e silenciosos. Moram bem longe dos homens e escolhem com carinho a hora e o tempo do seu precioso trabalho... (Jor ben Jor)”.
Sorte do povo brasileiro, que possui a categoria política mais refinada da face da terra.

Um abraço.

sábado, 12 de janeiro de 2013

A participação popular na pós-modernidade da cidade de São Paulo




É difícil escrever de participação em um país que tem pouco tempo de experiência democrática. A população brasileira não está acostumada a participar politicamente nas tomada de decisão por culpa de governos autoritários que fizeram a sociedade ficar acostumada a ter seu destino traçado por lideres políticos que, muitas vezes, estavam associados à elite dominante ou se entregavam ao mesmo ideal com a tomada do poder.
Reconhecer que somos responsáveis pelo destino da cidade é o desafio do Estado democrático que busca a construção da participação popular nas reuniões de conselhos participativos, ou de orçamento participativo. Ainda temos uma participação modesta e sem expressão, comparado ao número de habitantes de uma cidade como São Paulo, porém, muito grande se levarmos em conta o curto período de nossa vida democrática. É obvio que ainda temos que enfrentar problemas tão banais que parecem impensáveis em uma sociedade moderna do século vinte um. Convocar membros para uma reunião de conselho, ou até mesmo formar chapa para concorrer a uma comissão ainda é tarefa difícil em uma cidade viciada com os desmandes de uma classe política antidemocrática.
A dificuldade de convencer a população a participar dos aparelhos de acesso, dificuldades financeiras, o cansaço de um longo dia de trabalho e a incompreensão de que sua participação é essencial na melhoria de serviços que ele mesmo necessita usar, são as problemáticas que os já convictos democráticos devem superar para a construção de uma sociedade justa e acessível para todos. O desejo de ter um lugar melhor para se viver é unânime, porém esbarra em sentimentos que ainda são arraigados à sociedade inconsciente do espírito democrático. A individualidade é ainda uma forte característica dos cidadãos e por morarem em grandes centros este sentimento se torna ainda pior e mais acentuado. Não é por menos que hoje se fala cada vez mais em conscientização. E a final o que é isto? É fazer o cidadão perceber que o Estado é ele e assim que se caracteriza um sistema político democrático de direito.
Com o advento da globalização e a diminuição cada vez maior das iniciativas governamentais, cabe a sociedade civil, ou iniciativa privada, tomar as rédeas dos desenvolvimentos das cidades e de seus aparelhos de acesso à população. Com a atual conjuntura, os indivíduos são chamados a participar ainda mais nas decisões públicas, já que os órgãos municipais estão cada vez menos atuantes em determinados setores que, até então, era de exclusivo poder governamental.
Para ilustrar nossas afirmações, o conselho gestor do parque da Luz é um bom exemplo. Por mais que seja uma excelente experiência democrática, ainda tem muito a caminhar. Poucos participantes, falta de incentivos por parte da prefeitura que sede apenas o espaço e nada mais, a falta de esclarecimento da importância das tomadas de decisão do conselho por parte da população, ainda são dificuldades enfrentadas pelo grupo que há dois anos está à frente do conselho. No entanto não podemos deixar de ressaltar as diversas vitórias que esta pequena expressão democrática que está cravada no mais antigo parque da cidade está conseguindo. É uma experiência que podemos tomar como exemplo para toda a cidade que tem muito a se desenvolver no tocante à participação popular, mas já é um avanço.  

  

Desafios da Pauliceia: Moradias, Trânsito ou Estagnação.



 Introdução:

A cidade de São Paulo é um grande exemplo do que se passa no mundo como um todo. Já que é uma metrópole que se enquadra dentro das maiores cidades do mundo e que também carrega os problemas terríveis que qualquer outro grande centro possui e, mais agravante, possui problemas ainda peculiares a ela como, por exemplo, malabares infantis ou da terceira idade nos faróis.
Quem pode assim melhor retratar a dualidade da cidade é a Vera da Silva Telles, que citando Roberto Schwarz, escreve:
“Em texto célebre, Roberto Schwarz (1988) comenta o quanto a sensação que este país sempre deu de dualismo, disparates e contrastes de todos os tipos deve a experiência do desconcerto diante de uma sociedade que se quer moderna, cosmopolita e civilizada, mas que vive placidamente com a realidade da violência, do arbítrio e da iniqüidade”[...] (Telles, p 13)

As décadas de 1980 e 1990 foram cruciais para o advento da maior crise miserável que nossa cidade poderia vivenciar. [...]“Em primeiro lugar, encerramos a década de 80 diante de uma sociedade que não apenas se quer moderna como, em alguma medida, se fez moderna”[...] (Telles). Com a industrialização da capital paulista, dezenas de pessoas foram atraídas à cidade querendo buscar uma vida melhor, mas como contradição do capitalismo a riqueza veio, porém não para todos. O que foram agraciados, com o emprego sonhado, pode desenvolver suas habilidades e construir a casa própria, sonho de tantos brasileiros. Com tudo, infelizmente, o sonho foi para todos. Sua realização para poucos moradores do grande centro industrial.
É baseado na esperança de uma vida melhor que muitos trabalhadores acorrem à capital e suas adjacências, para realizar o sonho de um futuro digno. A ilusão cai por terra quando as dificuldades acometem os trabalhadores, que muitas vezes, se enxergam como os culpados do fracasso e não percebem que tudo é culpa do mesmo motivo que os trouxe à cidade grande. A busca irracional de capital.
O sonho proporcionou o avanço da cidade para um futuro grande, porém condenou a mesma cidade a problemas que nos parecem insolucionáveis. O transito, a moradia irregular, a saúde precária, o desemprego, a falta de segurança e tantos outros problemas que a metrópole enfrenta por ser metrópole e por reproduzir a desigualdade do capitalismo, que está baseada na miséria e no enriquecimento de poucos.
Moradias:
Um dos grandes culpados da cidade vivenciar o caos que esta afundada na atualidade é o fato de estar baseado em um [...]“modelo urbanístico concentrador, excludente e predatório, que estruturou a lógica da desordem das nossas cidades”[...] (Rolnik, 2008). Cerca de 11 milhões de pessoas vivem em São Paulo, muitas delas em casas que mal podemos afirmar que seja uma residência. Outras tantas moram em casas alugadas, longe do sonho da casa própria. Os poderes constituídos constroem casas e reorganiza favelas, atitude que não passa de uma medida pequena perto da proporção que as ocupações irregulares crescem na cidade e em seu contorno. Discutir moradia digna é um dos temas que a cidade de São Paulo terá de enfrentar já que chegamos a níveis insuportáveis de sub moradias e de pessoas vivendo nas ruas. Acredita-se que cerca de 500 mil pessoas habitam as ruas só da capital paulista. Neste século um dos problemas a ser solucionado será o de morar bem em um centro urbano que não pode comportar as pessoas que querem aqui viver. O fato é que temos menos espaço que a demanda pede. E como resolver? A construção de moradias e o deslocamento de pólos de emprego para outras regiões do Estado pode ser uma saída, pouco provável, já que esbarra nos interres de políticos e grupos financeiros que também vivem do caos urbano.
A reprodução de moradias de risco e em áreas invadidas é nada mais que a continuidade de um modelo econômico que, sem o controle governamental, cria saídas para a população que está entre a teoria acadêmica e a prática estatal da necessidade de morar. Assim como podemos afirmar que: [...]“Em São Paulo, por exemplo, as favelas apresentam maior precariedade quanto ao tipo de terreno ocupado e maior afastamento das áreas centrais”[...](Ribeiro, 2008), mais uma prova de nossa peculiaridade dentro de uma desordem urbana. O mercado esta ai para solucionar o impasse do seu jeito. Criando loteamentos e construções em condições precárias, e o capitalismo mostrando mais uma vez sua face avassaladora. [...]“A pobreza contemporânea parece, na verdade, constituir uma espécie de ponto cego que desafia teorias e modelos conhecidos de explicação”[...] (Telles)
Trânsito ou Estagnação:
Outro grande exemplo do caos urbano é o transito de São Paulo, que cada dia menos está longe da etimologia da palavra. É pitoresco assistir os tele jornais e especialistas no assunto. Sempre se ressaltam as dificuldades financeiras e matérias que os congestionamentos trazem à cidade e aos meios de produção. Até quando ligam o transito à saúde, o que se ressalta é o custo que ele traz a prefeitura nos atendimentos dos hospitais públicos. Mais uma faceta do capitalismo que só vê o custo e o lucro em tudo que lhe cerca. Os desgastes humanos com os congestionamentos não são lembrados no viés humanitário. Não se questiona o fato do pai de família não estar em casa, ou a mulher que não está com suas amigas ou se divertindo com seus filhos. Somente os aspectos financeiros são ressaltados na discussão do transito. Esquecendo-se da necessidade de lazer que os homens possuem para a busca da felicidade. Longe de ser interesse do capitalismo selvagem.
Mas até as desgraças da metrópole se tornam renda. Basta observarmos os faróis que se tornaram pontos de venda de ambulantes que sobrevivem do caos da cidade e se beneficiam da desgraceira urbana. É o capital mostrando seu poder de inclusão. Por um lado temos a busca de lucro máximo e desenfreado, motivando o crescimento desordenado da cidade e proporcionando condições para uma aglomeração de pessoas em pseudo moradias e congestionamentos insuportáveis. Do outro lado temos a “turma do bem” que pensa a cidade como um todo. Como um lugar de se viver e conviver de forma saudável e com dignidade. A esta disputa está ligada nossa sobrevivência e qualidade de vida.

Referencial teórico:

Telles, Vera da Silva. Pobreza e Cidadania. Curso de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo, Editora 34.
Telles, Vera da Silva e Cabanes, Robert (org). Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2006.
 Rolnik, Raquel A lógica da desordem. Lê Monde Diplomatique Brasil -  Agosto de 2008.
Ribeiro, Luiz César de Queiroz O desafio das Metrópoles. Lê Monde Diplomatique Brasil -  Agosto de 2008