É difícil
escrever de participação em um país que tem pouco tempo de experiência
democrática. A população brasileira não está acostumada a participar
politicamente nas tomada de decisão por culpa de governos autoritários que
fizeram a sociedade ficar acostumada a ter seu destino traçado por lideres
políticos que, muitas vezes, estavam associados à elite dominante ou se
entregavam ao mesmo ideal com a tomada do poder.
Reconhecer que
somos responsáveis pelo destino da cidade é o desafio do Estado democrático que
busca a construção da participação popular nas reuniões de conselhos
participativos, ou de orçamento participativo. Ainda temos uma participação
modesta e sem expressão, comparado ao número de habitantes de uma cidade como
São Paulo, porém, muito grande se levarmos em conta o curto período de nossa
vida democrática. É obvio que ainda temos que enfrentar problemas tão banais
que parecem impensáveis em uma sociedade moderna do século vinte um. Convocar
membros para uma reunião de conselho, ou até mesmo formar chapa para concorrer a
uma comissão ainda é tarefa difícil em uma cidade viciada com os desmandes de
uma classe política antidemocrática.
A dificuldade de
convencer a população a participar dos aparelhos de acesso, dificuldades
financeiras, o cansaço de um longo dia de trabalho e a incompreensão de que sua
participação é essencial na melhoria de serviços que ele mesmo necessita usar,
são as problemáticas que os já convictos democráticos devem superar para a
construção de uma sociedade justa e acessível para todos. O desejo de ter um
lugar melhor para se viver é unânime, porém esbarra em sentimentos que ainda
são arraigados à sociedade inconsciente do espírito democrático. A individualidade
é ainda uma forte característica dos cidadãos e por morarem em grandes centros este
sentimento se torna ainda pior e mais acentuado. Não é por menos que hoje se
fala cada vez mais em
conscientização. E a final o que é isto? É fazer o cidadão
perceber que o Estado é ele e assim que se caracteriza um sistema político
democrático de direito.
Com o advento
da globalização e a diminuição cada vez maior das iniciativas governamentais,
cabe a sociedade civil, ou iniciativa privada, tomar as rédeas dos desenvolvimentos
das cidades e de seus aparelhos de acesso à população. Com a atual conjuntura,
os indivíduos são chamados a participar ainda mais nas decisões públicas, já
que os órgãos municipais estão cada vez menos atuantes em determinados setores
que, até então, era de exclusivo poder governamental.
Para ilustrar
nossas afirmações, o conselho gestor do parque da Luz é um bom exemplo. Por
mais que seja uma excelente experiência democrática, ainda tem muito a
caminhar. Poucos participantes, falta de incentivos por parte da prefeitura que
sede apenas o espaço e nada mais, a falta de esclarecimento da importância das
tomadas de decisão do conselho por parte da população, ainda são dificuldades
enfrentadas pelo grupo que há dois anos está à frente do conselho. No entanto
não podemos deixar de ressaltar as diversas vitórias que esta pequena expressão
democrática que está cravada no mais antigo parque da cidade está conseguindo.
É uma experiência que podemos tomar como exemplo para toda a cidade que tem
muito a se desenvolver no tocante à participação popular, mas já é um avanço.
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