sábado, 12 de janeiro de 2013

A participação popular na pós-modernidade da cidade de São Paulo




É difícil escrever de participação em um país que tem pouco tempo de experiência democrática. A população brasileira não está acostumada a participar politicamente nas tomada de decisão por culpa de governos autoritários que fizeram a sociedade ficar acostumada a ter seu destino traçado por lideres políticos que, muitas vezes, estavam associados à elite dominante ou se entregavam ao mesmo ideal com a tomada do poder.
Reconhecer que somos responsáveis pelo destino da cidade é o desafio do Estado democrático que busca a construção da participação popular nas reuniões de conselhos participativos, ou de orçamento participativo. Ainda temos uma participação modesta e sem expressão, comparado ao número de habitantes de uma cidade como São Paulo, porém, muito grande se levarmos em conta o curto período de nossa vida democrática. É obvio que ainda temos que enfrentar problemas tão banais que parecem impensáveis em uma sociedade moderna do século vinte um. Convocar membros para uma reunião de conselho, ou até mesmo formar chapa para concorrer a uma comissão ainda é tarefa difícil em uma cidade viciada com os desmandes de uma classe política antidemocrática.
A dificuldade de convencer a população a participar dos aparelhos de acesso, dificuldades financeiras, o cansaço de um longo dia de trabalho e a incompreensão de que sua participação é essencial na melhoria de serviços que ele mesmo necessita usar, são as problemáticas que os já convictos democráticos devem superar para a construção de uma sociedade justa e acessível para todos. O desejo de ter um lugar melhor para se viver é unânime, porém esbarra em sentimentos que ainda são arraigados à sociedade inconsciente do espírito democrático. A individualidade é ainda uma forte característica dos cidadãos e por morarem em grandes centros este sentimento se torna ainda pior e mais acentuado. Não é por menos que hoje se fala cada vez mais em conscientização. E a final o que é isto? É fazer o cidadão perceber que o Estado é ele e assim que se caracteriza um sistema político democrático de direito.
Com o advento da globalização e a diminuição cada vez maior das iniciativas governamentais, cabe a sociedade civil, ou iniciativa privada, tomar as rédeas dos desenvolvimentos das cidades e de seus aparelhos de acesso à população. Com a atual conjuntura, os indivíduos são chamados a participar ainda mais nas decisões públicas, já que os órgãos municipais estão cada vez menos atuantes em determinados setores que, até então, era de exclusivo poder governamental.
Para ilustrar nossas afirmações, o conselho gestor do parque da Luz é um bom exemplo. Por mais que seja uma excelente experiência democrática, ainda tem muito a caminhar. Poucos participantes, falta de incentivos por parte da prefeitura que sede apenas o espaço e nada mais, a falta de esclarecimento da importância das tomadas de decisão do conselho por parte da população, ainda são dificuldades enfrentadas pelo grupo que há dois anos está à frente do conselho. No entanto não podemos deixar de ressaltar as diversas vitórias que esta pequena expressão democrática que está cravada no mais antigo parque da cidade está conseguindo. É uma experiência que podemos tomar como exemplo para toda a cidade que tem muito a se desenvolver no tocante à participação popular, mas já é um avanço.  

  

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