Comparando o médico e o
professor, Anísio Teixeira, afirma que as duas funções são parecidas. Ambos
devem gostar do que fazem, já que um cuida do corpo, outro da cultura humana.
Diante da comparação,
questiona-se por que o médico é tão bem preparado e o professor não. Mesmo
diante da necessidade de mais profissionais, a medicina não abriu mão da
qualidade da formação de seus profissionais.
Teixeira encera a
comparação da medicina com o oficio de ensinar, colocando o ensinar acima da
saúde. Enquanto a busca da medicina consiste em manter a saúde ou resgatá-la, a
cultura é sempre um processo de busca, de devir.
Uma vez que a
humanidade sempre vai buscar e produzir saberes que devem ser buscados, o
oficio de mestre deve ser valorizado e a sua formação dever ser ainda mais
rigorosa. Muito diferente do que hoje acontece.
Buscando compreender a
diferença que se aplica entre medicina e cultura, Teixeira afirma que é uma
questão cultural e imediatista. Enquanto a saúde é algo urgente e imediato, a
cultura é vista como luxo que deve ser alcançado por aqueles que puderem. Os governos
encaram a medicina como algo imediato e individual, enquanto que a cultura é vista
como coletiva e até mesmo como luxo.
Nos dias de hoje, é
corrente que a cultura e a saúde sejam bens individuais. Mas mesmo a saúde
sendo um bem individual, não se aceita a sua degeneração em nome de sua universalização
no atendimento, fato que ocorre no caso da educação.
No tocante a
administração escolar, Anísio Teixeira, também compara com a administração de
uma clínica. Se a clinica deve ser administrada por um médico, a escola também
deve ser administrada por um professor. Ambos não são administradores por
escolha primeira, mas sim, por escolher seu oficio de administrador como
complemento de sua primeira escolha profissional.
Para o autor, existe
uma diferença na competência dos professores. Enquanto todos os professores em
seu oficio devem exercer três funções, administrar, ensinar e orientar. Os que
se destacam em uma delas avançam para outras funções dentro do ambiente escolar,
ou dentro da organização do ensino.
Os que administram
melhor serão administradores. Os que ensinam com mais facilidade irão ajudar a
formar mestres. E os conselheiros irão se aplicar em funções de coordenação ou
mesmo de conselheiros de alunos.
Ressaltando o caráter
insubstituível do professor, no que concerne a educação, Teixeira, prevê a
utilização de tecnologias oferecidas por outras ciências, como auxilio na arte
de ensinar, mas nunca como substitutas. Assim como o radiologista auxilia o
médico, o antropólogo auxilia o professor, mas a ultima palavra é sempre do
médico, na medicina, assim como deve ser do professor na educação.
Outro ponto destacado
por Teixeira e de não se poder comparar a administração escolar com qualquer
outra administração de empresa. A peculiaridade da administração escolar se dá
em seu produto final, que é o aluno, produto e produtor de si mesmo. Enquanto que
na empresa o produto é via de alcance de seu fim, que no caso das empresas
capitalistas, é o lucro.
Diferente dos
administradores de empresas, que são formados em cursos de graduação, os
administradores de escolas só devem ser formados em cursos de pós-graduação,
justificado por sua especificidade de saber.
Somente professores
formados, e com certa experiência, podem se pós-graduar em administração
escolar, devido ao fato do seu produto ser diferente dos demais produtos, ou
seja, o aluno e seu saber. “O administrador escolar não é um capitão, mas um
mediador-inovador...” (Anísio S. Teixeira).
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