domingo, 28 de julho de 2013

Resumo do livro: Por dentro da Escola Pública. do Prof. Vitor H. Paro.

O primeiro capítulo faz uma apresentação do bairro onde está localizada a escola e uma apresentação da própria escola “Celso Helvens”. Com uma descrição minuciosa, é possível ao leitor imaginar o bairro e a escola com uma riqueza de detalhes.
            No relato sobre as entrevistas, assim como se deu com o bairro e a escola, o autor apresenta as personagens de maneira tão clara e perspicaz, que é possível imaginar o rosto e as casas, para alguns, é possível até mesmo imaginar a voz, devido à tamanha astucia em descrever os trejeitos, hábitos e sentimentos escondidos nas falas.
Com uma análise da estrutura da escola em seu aspecto formal, resgatando a legislação que cuida de disciplinar os cargos e suas funções, o autor, compara a lei com a realidade e destaca como pode ser letra morta.
            Analisando as falas dos entrevistados, pode-se começar a desvelar o que realmente acontece na escola e como à autoridade do diretor é exercida. Existindo pessoas contra e a favor do modo como a escola é administrada, o autor, apresenta as duas versões, além de fazer um contraponto com as teorias pedagógicas.
            Para melhor compreender o que se passa na escola, optou-se por tratar de forma separada os diferentes agentes da escola. O diretor como um gerente, que está entre os anseios da comunidade e as demandas da escola e o poder burocrático do Estado.
            Retratando as formas de se escolher um diretor, seja por via de concurso, ou simplesmente, por nomeação e até mesmo apresentando uma proposta de eleição, fato criticado e aplaudido nas entrevistas feitas.
            No que se refere à APM, é muito claro o aspecto apenas formal desta instituição, ficando a sua ação, apenas, para burocratizar ainda mais a escola.
Sobre o conselho de escola, pode-se observar que existem diversas maneiras de concebê-lo. Alguns o vêem apenas como um formalismo, principalmente diante das dificuldades de fazer a sua composição. Outros têm no conselho uma forma democrática de se participar e de se fazer ouvir.
Descrevendo uma das reuniões da “Celso Helvens”, apresenta-se a faceta autoritária que a escola está inserida, sem nem mesmo se dar conta de sua real condição. Os professores e a diretora, de forma inconciente, mandam e desmandam, além de tentar diminuir a participação popular contrária.
É claro que esta ação não tem o fim em si mesmo, ma sim no ambiente que a escola pública está inserida.
Sobre o grêmio estudantil, o que se constatou foi a sua inexistência e mesmo a ausência de conhecimento sobre a sua real função ou serventia.
O conselho de classe se apresenta como um mero artifício burocrático, sem uma função pedagógica verdadeira e coerente.
No que se refere ao relacionamento interpessoal, parece que existe um conflito entre direção e professores. Diante das entrevistas, o que se pode constatar é a constante pressão que o professor sofre pela direção, atribuindo a falta ao serviço como algo gravíssimo e não como um direito do trabalhador. Percebe-se a que a fala da direção  está muito em sintonia com o discurso oficial do Estado.
A perseguição é constante e quando o funcionário não concorda com a direção, ele é forçado pela lei a pedir remoção, criando um ambiente de insatisfação e reafirmando a postura autoritária do diretor.
Este autoritarismo está presente também no relacionamento com os alunos, muito reafirmado pelos professores, que usam o estigma da direção autoritária para ameaçar os alunos. Porém, o medo fica só no imaginário, na prática os alunos não temem, pois a autoridade está corroída.
Sobre os usuários da escola, as falas mostram um grande preconceito com os moradores da favela do bairro. Outro ponto destacado é o direito a informação como via importante de democratização da escola. Os usuários têm o direito de saber sobre a sua escola, mas na prática isto não acontece.
O conselho serve apenas para comunicar recados diversos e os disciplinares. Além da verdadeira escrachação pública, a reunião não se preocupa em mostrar os motivos do mau desempenho e muito menos do bom. Longe de qualquer sentido pedagógico, o conselho de classe não tem serventia nenhuma, a não ser afastar o pai da escola.  
Por mais que existam várias formas de se ver a educação, duas formas podem ser destacadas: uma é a informativa, ou seja, o ensino dos conteúdos das disciplinas. A outra é formativa, ou seja, educar.
Apresentando as várias faces da escola, o autor, mostra com os depoimentos como a escola é vista de forma autoritária e reprodutora da pior forma possível. Os próprios alunos têm uma visão horrível do ensino e de como ele deve ser. Porém, temos pistas de como deveria ser uma escola pública e já paga pelo povo através dos impostos.
Ressaltando o papel da escola, que também é de transmitir os conhecimentos adquiridos e acumulados pela humanidade, na escola se sedimenta o que se está posto na sociedade, no que se refere as relações capitalistas de mercado, mercadorias e público consumidor.
Esta visão de mundo é compreendida pelo fato de grupos dominadores imporem a população uma forma capitalista de vida, que se reproduz até mesmo em lugares que não poderia ser admitido.
A escola está dividida em ensinar um conteúdo, ou uma educação. Há aqueles que crêem que a escola deve ensinar conteúdo, os mais progressistas acreditam em uma escola mais emancipadora, que vai além dos conteúdos e da domesticação dos seres.
O que correntemente se apresenta é o jogo de empurra entre os professores e os pais. Os professores falam que os alunos não estudam em casa e por isto não aprendem. Mas não se perguntam por que os alunos não estudam em casa?
Descrevendo a comunidade e as várias formas de participação, os diferentes movimentos sociais existentes no bairro, demonstram o quão hegemônica é a luta popular e como as pessoas tendem a buscar soluções imediatas para os problemas imediatos.
Diante das dificuldades do dia-a-dia, as pessoas não tem percepção dos avanços sociais que seriam possíveis, com uma luta social articulada e com metas revolucionárias. No entanto, não podemos condenar um pai que busca forma clientelista de ação para resolver seus problemas imediatos, mesmo porque, estas pessoas não têm consciência, ainda, de que sua luta tem força suficiente para mudar os problemas sociais no seu bairro e no seu país.
Mas como falar para um pai, que ele deve abrir mão da boa educação do seu filho hoje, em troca de uma revolução social no futuro. Unir as demandas imediatas e os desejos futuros de revolução é o grande problema que está inserido os movimentos sociais e é o que deve ser resolvido pelos agentes nos movimentos.
Com o presente trabalho, não se pretende por fim a discussão sobre a escola, mesmo porque esta está longe de acontecer, o que se busca é uma perspectiva da real condição da escola pública, seus desafios e seus desejos de futuro.

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