A parábola da torre. Meditação Filosófica/Teológica de Lucas 14:25-33
O trecho de Lucas 14:25-33 apresenta as exigências radicais do discipulado de Jesus. O texto aborda três pontos principais: a hierarquia de amores, a aceitação do sofrimento e o desprendimento total. O chamado para "odiar" a família (misein) não significa aversão, mas a prioridade absoluta de Jesus. O amor a Ele (agape) deve ser o telos (propósito) da vida, subvertendo a ordem natural do oikos (família). Observamos no texto uma metanoia, uma reorientação total do amor humano. Levar a cruz é a aceitação do pathos (sofrimento) de Cristo, uma participação em sua kénosis (esvaziamento de si). Ao contrário da filosofia grega que buscava evitar o sofrimento, o cristianismo o integra como um meio de purificação e redenção. A renúncia aos bens é uma praxis (prática) necessária para o discipulado. O desprendimento é um ato de liberdade, permitindo que a vida seja inteiramente dedicada à comunhão com o Reino de Deus. Em essência, a passagem é uma proclamação existencial de que a verdad...