"Quem diz o povo que eu sou? Meditação Filosófica/Teológica de Lucas 9,18-22

A passagem que hoje proclamamos do Evangelho de Lucas 9,18-22 é um pilar da fé cristã e um profundo desafio ao pensamento humano. Não é apenas um relato histórico; é o momento em que a identidade de Jesus é plenamente revelada, e Ele estabelece o caminho da Salvação pela Cruz.

Este trecho representa a confissão de fé de Pedro e a imediata correção teológica de Jesus, que desmantela qualquer expectativa de um Messias político e glorioso.

Jesus primeiro testa o conhecimento público "Quem diz o povo que eu sou?". As respostas são parciais (João Batista, Elias), refletindo o assombro da multidão diante do poder profético de Jesus. Mas Ele exige mais. A segunda pergunta, “E vós, quem dizeis que eu sou?”, é o convite à fé pessoal.

Pedro, então, faz a grande profissão: "O Cristo de Deus." Cristo (Christós em grego, que significa Ungido), é o reconhecimento de Jesus como o Messias esperado, o enviado de Deus. Para a Igreja, esta é a rocha sobre a qual a fé se edifica.

Imediatamente, Jesus impõe o segredo messiânico e redefine o título "Cristo": "O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado... e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia."

O messianismo de Jesus não é um trono, mas um sacrifício. Ele estabelece a doutrina do Messias Servo Sofredor (ecoando o profeta Isaías). O sofrimento e a rejeição (principalmente pelas autoridades da Lei) não são um erro, mas a via necessária para a Ressurreição, que é a verdadeira e definitiva vitória de Deus sobre a morte.

Na Perspectiva Filosófica: O Paradoxo da Autoridade, esta passagem ressoa em áreas profundas da filosofia e do conhecimento humano.

Epistemologicamente (Teoria do Conhecimento), o diálogo com os discípulos ilustra a diferença entre conhecimento empírico e conhecimento existencial.

O povo baseia-se em dados superficiais (o que Jesus faz). Pedro atinge a essência (quem Jesus é). A Epistemologia nos ensina que a verdade plena sobre a identidade de Cristo exige não só a razão, mas um ato de vontade e uma adesão pessoal que transcende a mera observação.

O anúncio da Paixão confronta o conceito universal de heroísmo e poder. É Subversão Antropológica: Jesus rejeita a definição humana de um herói invencível e triunfante, que deveria dominar. Em vez disso, Ele adota o caminho da vulnerabilidade e do sacrifício.

Ele estabelece uma nova Ética de Serviço: a autoridade máxima (o Messias) não se manifesta na força, mas na entrega e na renúncia. A glória, na visão de Jesus, é alcançada através da cruz, redefinindo o que significa ser líder e, em última instância, o que significa ser humano.

Lucas 9,18-22 nos força a responder a pergunta crucial: "E vós, quem dizeis que eu sou?" A resposta de Pedro e a correção de Jesus nos ensinam que o Cristo é inseparável do sofrimento e da ressurreição. É um chamado não apenas ao reconhecimento intelectual, mas a abraçar um modelo de vida em que o verdadeiro poder e a salvação residem na humildade e na entrega total.

Que este Evangelho nos inspire a seguir o Ungido de Deus no Seu caminho de amor sacrificial.

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