Jesus se dirige a Jerusalém.. Meditação Filosófica/Teológica de Lucas 9,51-56

 Este trecho do Evangelho de Lucas 9,51-56 é um marco teológico, ético e psicológico que inicia a jornada final de Jesus a Jerusalém. A narrativa se concentra na firmeza de Jesus, na rejeição dos samaritanos e na reação impulsiva dos Seus discípulos, oferecendo profundas lições.

  A "firme decisão" (em grego, uma expressão que denota determinação inabalável) marca o início da Anábase (subida) de Jesus para a consumação de Sua Missão Pascal. Jesus, sabendo que seria "levado ao céu" pela Paixão, adota um modelo de obediência radical à Vontade do Pai. A recusa dos samaritanos (motivada por antigos preconceitos contra os judeus que iam a Jerusalém) é um obstáculo que Jesus não combate com violência, ensinando que o caminho da Salvação é de inclusão e superação de divisões.

   A recusa samaritana é um exercício do Livre-Arbítrio: a liberdade de rejeitar a Verdade é respeitada, mostrando que a adesão a Deus não é forçada. No entanto, a lição mais profunda reside na ética da não-violência. Jesus não Se permite desviar nem Se vinga da ofensa. Sua resposta, que é simplesmente ir para outro povoado, estabelece o princípio de que o Poder Verdadeiro reside na mansidão e na tolerância, em contraste com a fúria destrutiva sugerida pelos Seus seguidores.

   A reação dos discípulos Tiago e João ("Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu...?" - v. 54) é um clássico exemplo de reação emocional impulsiva. A rejeição externa (o não-acolhimento) fere o ego dos discípulos, gerando um desejo de retaliação imediata e destrutiva. Jesus, ao repreendê-los, demonstra um ato de inteligência emocional e disciplina. Ele ensina que a força do discípulo não está em ceder à raiva ou ao desejo de vingança, mas em manter o foco na missão e exercer o autocontrole perante a frustração e a ofensa.

 Lucas 9,51-56 é uma poderosa exortação ao Discipulado da Misericórdia. Jesus modela a determinação serena de quem está focado em um propósito maior e a mansidão compassiva de quem não responde ao ódio com ódio, mas sim com o movimento para a paz e para o próximo passo da missão. O verdadeiro seguidor não usa o poder para consumir os inimigos, mas para levar a salvação.

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